Crepúsculo e obrigado s tendões de Aquiles!
O bom sonho não se sonha só,
Sonho é um querer quimérico,
Há que se saber seu custo,
Se há coragem para comprá-lo,
Se realmente vige à vontade
Ou se o alicerça em discursos...
Felicidade é banquete divino,
Aos mortais, migalhas que dele cai.
Tornam-se deuses os que sonham juntos,
Até voam e superam Ícaro,
Nos alados sonhos de amor
E não apenas no de voar.
Sonhos de amor são sóis que ardem
E quando se ferve, comumente, pula-se fora
Ou de vez derretem-se as ceras...
E aí, escolhe-se o pretenso verdadeiro sol...
E o tempo é seta certeira dos deuses.
E muda-se o rumo do voo...
Mas, resta ainda o alcance dos raios,
Daquilo que já foi muito desejo!
Entardece, vem à noite,
Às vezes eterna e fria noite,
Sombria até ...
E o que palpitava em êxtases,
Torna-se um titânico vazio,
Uma insistente ave a bicar-te o fígado...
Se presenteias teus sonhos com fogo,
Aos deuses desobedeces...
Amores ardentes invejam as deidades
E só se realizam com cumplicidade,
E inquebrantável querer..,
Sozinhos não suportam, sequer sobrevivem!
Sempre se escolhe o que menos queima,
Então resfriam-se os sonhos qualquer sereno,
Esfriam-se os desejos,
A ponto de se apagar o efervescente sol,
A única felicidade...
Tão quente!
Triste ressurge a realidade...
Na solidão projeta-se o que valeu a pena
Contrastando-se à impensável frustração:
A descoberta de se ter sonhado só.