Tudo muito previsível !
Tecemos nossas próprias teias;
Picamos nossas próprias veias;
Aprisionamos as próprias ideias;
Envenenamos as próprias ceias;
E nos entregamos à infeliz Medea.
Cedemos a nossa às almas alheias.
Apagamos tudo o que nos incendeia;
Reclamamos muito de barriga cheia.
Calçamos ao avesso as próprias meias;
Seguimos os fakes cantos das sereias
Se muito nadamos, morremos na areia.
Embora muito pouco se creia,
Que limitamos tudo o que nos clareia.
E previsível que tornes tudo o que anseias
Ao limitar amor que a ti rodeia.
E assim nos expomos às ferozes colmeias,
Num jardim de apenas sanzonais azaleias...
Pois só no inverno brotam as azaleias!