O benefício da dúvida.
As doces lembranças alimentam o pernicioso sentimento a ser banido, esquecido, sufocado. Um sentimento lindo que tornou-se marginal... Mas que havia a chance de ser dígno.. Suas lembranças são de maravilhas divinais, encantadas... Sonhos, quantos sonhos "acordados", na duplicidade do vocábulo. Os dias brilhavam e as luzes noturnas radiantes eram acesas por tanto amor... E inflamavam os olhares e desejos que se faziam com entregas plenas, intensas... Nada, nada ao arredor... Justo é o afronto desses corações que descumprem a fria ordem de esquecer, mesmo distanciados. Submetidos às torturas medievais nos porões das Santas Inquisições, as mais cruéis, com uso do fogo do vazio ardente e dilacerante. Surgem as incertezas, a falta de respostas dos céus e de todos, um triste e total abandono, insuportável, que em noites intermináveis chegavam às raias da fatalidade ou da loucura. E, no entanto, não se sabe se há benefício no fim e nem mesmo se há fim para tanto amor. Mas certo é sua condenação, sem a prévia, devida e necessária defesa... Sempre ficará a sensação de que algo não foi feito, que poderia ser de outra forma. Se houve um pouco de verdade em tudo, aí o coração sorri, quase na certeza de ainda ser querido. Foi tudo tão fascinante, mas tão fascinante, que chego a crer que não foi planejado pra ser vivido aqui. (RAS)
Enviado por (RAS) em 05/03/2015
Alterado em 05/03/2015 |