Rescaldo.
Vou buscar meu lugar, lá onde eu encontre amor maior e mais sincero que o meu, Ou onde haja amor algum... Vou buscar esse lugar seja onde for, mesmo que necessário seja desmaterializar-me, pois o amor o tenho como sagrado. O amor é a própria alma e a capacidade da alma mensura-se pelo tamanho desse amor. Se o amor acaba vão-se os sonhos, as alegrias, os momentos felizes e as quimeras. Vão-se as vestes e os atores desse mundo essencialmente teatral, crivado de peças a nos serem pregadas... Vou buscar o lugar onde o amor jorra puro e intenso, Ou onde eu possa ler o aviso: - Cuidado! Desamor bravo! Vou buscar o lugar onde poderei novamente amolecer meu coração ou petrificá-lo profilaticamente. O lugar longe de onde passa a desilusão, mãe de tanta dor e da demência. Perdi amores em batalhas estranhas, travadas alhures, de generais sem estrelas e fardas, estranhas batalhas e impiedosas até. Sinto-me tal qual terra arrasada a mercê do inimigo, o vazio imenso por onde propaga da minha aflita e perdida consciência a pergunta: - E agora José? É triste o trabalho de rescaldo, no cheiro de matérias queimadas, na visão do abrupto fim, da emblemática e misteriosa derrota indigerível! E aí resta a vigência das náuseas, insônias e da imensa vontade de se esconder, de sumir, de definitivamente achar outro lugar, para a catarse de todos os sentidos que lembram tamanha desilusão. (RAS)
Enviado por (RAS) em 09/02/2015
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