Amargo amanhecer.
O amanhecer se faz com o indesejável soluço de um vinho mal tragado, De um brinde de um dia que se nega a raiar, Como se ingerida a esperança entre goles revoltosos, a grisar a aurora. É tudo como o amanhecer terrível de um velório, onde o finado é, de forma abrupta, o dito imenso amor. Ali se fazem presentes, perdidos, todos os sentimentos condolentes, inconformados. Noite longa... O aroma da dama-da-noite persiste a caracterizar o lamentável objeto do evento. O pálido amor ali inerte, estirado entre velas acesas de uma débil mente aguarda os ritos finais, Enquanto o coração triste o vela, na esperança de um suspiro improvável, mas por demais querido! Imenso e dorido dia, jamais vivido... Os olhos ardem e o coração dilacerado e inconformado quer ao lado do inseparável amigo ser enterrado, A tristeza se estabelece na constatação do definitivo desfecho, em prantos inevitáveis e suntuosos. Foi tão cedo! Mas há quem diz que demorou. (RAS)
Enviado por (RAS) em 08/02/2015
Alterado em 08/02/2015 |