Um Quixote à brasileira II:
A Desilusão.
E nem chegou o carnaval, Dulcinéia!
E me veio o pranto do basta, do lamentável e triste adeus .
Muitos moinhos e ovelhas...
Agora a realidade me é verdugo a apertar com muita força meu coração...
Num cadafalso regado a etílicos antidepressivos...
E coberto de serpentinas, um solitário bumbo,
Faz ecoar a sua batida seca em tom triste, de silêncio...
E nem chegou o carnaval, Dulcinéia!
E já vejo as cinzas da quarta
E a melancolia para o resto dos meus dias.
Tudo muito forte!
Nem chegou o carnaval, Dulcinéia!
E já zombam de minha indumentária, riem de mim...
Levaram de mim o aloucado alazão que se chamava sonho, sonho desnaturado nem esperou o carnaval.
Sonho lindo, Dulcinéia, que tinha você na garupa e nos planos: A Comissão de Frente...
Não bastaram-me as batalhas mundanas, desafiei o céu... e aí, Dulcinéia, nem chegou o carnaval...
E apressou-se o adeus... era tudo o que eu temia,
Mas nem chegou o carnaval...
Estou frágil e de alma nua. Sinto frio, muito frio...
Faz-se em mim um imenso vácuo, a comprometer a harmonia. tomaram de mim o meu Pegasus... e na sua crina vai-se a razão de meu viver...
E torrencialmente, chove nas fantasias e alegorias...
Agora sou presa fácil ante os jurados do tempo.
Lá longe se vai o meu sonho de puro sangue...
Em suor, chego à apoteose vazia, tão feita de nada!!!
Após viver um enredo encantado por meus oníricos desejos... desfilo com o meu surreal traje,
Não menos momesco que minha lança .
Enquanto tantos riem... aplaudem... desperdiçam purpurinas...
Pois nem chegou o carnaval... Dulcinéia!