Dolência.
“A noite será o traje negro que enlutará
a viuvidade de quem perdeu o recém-finado dia.”
E haverá arder de olhos,
Por prantos, insônias e inércias.
Batalhas por demais vazias...
Faz-se a noite dama,
Exalando odores funestos,
Assume a viuvez das camas,
E das fronhas ao avesso...
E torna-se rude império a noite
E seus súditos, os sentimentos,
Brandindo as finas varas de açoite,
Nos sins dos libertos pensamentos...
...Faz-se a noite uma deusa,
Prima-dona da escuridão,
Autoritária, esbanja galhardia,
Destrói felicidade sem razão.
A indiferença é cicuta para o dia,
E para o amor, mesmo na sua imensidão,
E nas mentes em que o amor imenso ardia,
A noite se faz fria em heresia,
E troca o amor pela efêmera paixão.
E o que restou, do que foi belo um dia,
Congelou no freezer da recordação,
Com as sete chaves dessa covardia,
Que a tudo torna uma devastidão.
E de imensa a noite engolirá os dias,
Dos que persistem em só dizerem não.