Evoluir.
Assim como o escanhoar suave de uma navalha
logra-se a custos de incontáveis cortes, a
Caridade, despretensiosa e pura, faz-se às custas
de anônimos sacrifícios, que tanto a vaidade humana rejeita.
Quanto mais se estuda, experimenta, conhece
e simula-se o risco, tanto menos expor-se-á às
suas apensas agruras.
Mas eis que ao longo da história, se com afinco
estudada fosse, para a busca da verdade,
ter-se-ia subsídios suficientes para evitar-se
as dores, mas em dado momento são essas dores
deveras necessárias, para reflexões e aparas
dos excessos nocivos ao crescimento humano.
Evolução é um caminho longo e irregular, e que precisa ser aberto, desbravado, quanto mais estreito maior o aprendizado e a retidão e, por tanto, menor a possibilidade dos desvios, nas inevitáveis bifurcações, a hora das decisivas escolhas.
Evolui-se por vias de regra, em caminhos de rústicos pisos, a exigir-te indumentárias próprias e aquelas sandálias da moral e do conhecimento que, sem que percebas, por certo serão asas para o teu adiantamento.
Evolução é um processo, é um caminho sem retrocesso, em que somos peças a ele juntadas e em trâmites pela eternidade às almas concedida e que, por enquanto, se aventuram empenhadas nas infindas buscas pelos apoteóticos portais das bem-aventuranças.