Currais de aleive.
Eis que paira, baila e rodopia à minha frente imensa perplexidade!
A deslealdade, o comodismo, a involução e a delação gratuita, paradigmas arcaicos, enraizados e resistentes, nada, nada bêbados e maleáveis. Falta ao mundo uma embriaguez coletiva. Falta ao homem um coquetel doce de sonhos, doses de ilusões, de lealdade, de cumplicidade. Falta ao homem sair de si, ser outro homem... Falta-lhe isenção, idealismo, e prontidão. Sinto-me perplexo em quase todos os relacionamentos humanos em que me envolvo. A abstinência de amor lança o homem numa falsa lucidez que enoja, num exacerbado pragmatismo que esfria o não esfriável e sinceramente assusta. Nada executa a não ser o egoisticamente planejado. Não canta para encantar, quer de outrem o aplauso... Não tem causas de cunho comunitário e que não elevem seu nome ou projete sua imagem... É deveras lamentável esse estágio que atingiu a humanidade! Não cuida de si e reativamente culpa o próximo... Cada homem tornou-se um poço de melindres e vaidades. Necessita esse projeto de HOMEM de um porre de humildade e, na acepção da palavra, tornar-se humano. A excessiva sobriedade aliena esse velho homem e o aproxima novamente da animalidade. Vejo nos relacionamentos e aglomerados humanos matilhas, nas suas selvagerias, a marcarem territórios, e se embrutecerem e a tornarem seus corações insensíveis, inacessíveis e inconfiáveis. Vejo homens sóbrios, sérios, limpos, imponentes, alguns se valem até do Sagrado Livro, mas com duas ou mais cabeças, cada qual usada dispersa e oportunamente a favorecê-lo. Vejo homens vazios, sem propósitos plausíveis, sem beber da paixão pelos interesses coletivos, mas despontando e desfrutando de posições privilegiadas nessa lúcida e esclarecida sociedade. Vejo o homem aprisionado em conceitos anômalos e vulgares, escravizado por um determinismo mental que o paralisa e o arremete à uma zona de conforto por demais resistente, sonolenta quase sem volta. Vejo-os a agruparem-se por afinidades, motivadas por interesses escusos , a se consolarem no negativismo que os movimentam e os tornam fétidos, mornos e, portanto, vomitáveis. Por fim vejo o homem carente de uma doutrina alicerçada em princípios éticos que o auxilie na luta de ser a cada vez um pouco mais HOMEM.
(RAS)
Enviado por (RAS) em 12/03/2014
Alterado em 17/03/2014 |