Um beijo.

Cerram-se os olhos...
O pensamento se transforma em passarela para os desejos travestidos de beleza,
O silêncio é interrompido por sussurros só perceptíveis aos tímpanos apaixonados.
Cerram-se os olhos...
E imploram aproximação...
E abrem-se curiosos, para bem receberem os outros lábios sedentos e loucos...
Fecham-se novamente...
Surpreendidos, todos os átomos se posicionam como soldados a toque de cornetas...
E desastrados empurram lágrimas emocionadas até os limites dos olhos, que por pouco não vazam...
Em êxtase bailam os átomos e fazem espasmarem os músculos...
A respiração, ainda controlável, acompanha a excitação do que já se transformou em uma turba...
Os braços ora se agigantam e se enchem de forças para um abraço,
Ora abastecem as extremidades das mãos de ternas carícias...
E finalmente, no sensual enlace dos lábios, gritos são sufocados...
Surgem os mais doces sabores e finos aromas...
E o cérebro perde o controle... desorienta-se no debandar de um turbilhão de intensas e diversificadas emoções...
Tudo a transcender... e não se aquieta...
Os ósculos dispensam os óculos, pois são dados pelas almas.
E mesmo de olhos abertos, só se vê  estrelas...