(RAS)

Nem tudo que reluz é ouro. (Mas reluz!)

Textos


Às vezes.


     Às vezes me vejo elasticamente saltando em pulos enormes e abduzido pela força motriz do impulso de meus desejos, de forma súbita e abrupta, diluindo-me qual tinta de aquarela, que revela à minha frente a imagem de um arrebol que traz consigo o anúncio de um melancólico dia.
     Às vezes sinto-me tomado pela sensação de que necessito fechar para sempre meus olhos, para não perder de vista esse horizonte distante e de cores tristes, que tanto me atrai, como é atraente qualquer outro mistério. E eu já nem sei dizer quem é mais triste, se eu ou esse horizonte que persigo. Talvez o que nos difere é a leveza... Lá eu sinto que flutuarei...
     Às vezes me pego mirando alhures, lugar no qual só de vencer a distância, o peso se dissipa e apenas resta a enorme vontade de dormir o sono interminável, que nos alivia a consciência, ou de iniciar o trabalho que nos dignifica dando-nos vidas e vidas de bônus.
     Às vezes vejo-me como a felina encantada, fitando enamorada a lua cheia, perdido em mim mesmo, num emaranhado de porquês, inconformados, tecendo teias intransponíveis de dúvidas.
     Às vezes me ponho a perguntar: porque sou tão exageradamente terreno querendo voar!?

(RAS)
Enviado por (RAS) em 12/07/2013
Alterado em 04/06/2023


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