(RAS)

Nem tudo que reluz é ouro. (Mas reluz!)

Textos

Dama.

Leva-me ao céu os seus olhinhos de águia,
Onde se joga um carteado astral,
São cheios de ases seus blefes de sábia,
Que vem da estirpe de dama real.

E vem de azul o rei dos seus sonhos,
Que foi seu escravo em tempos distantes...
E vem sacudir os seus dias medonhos,
Qual vento assanhado de sopros errantes.

Aposta no amor e descarta seus ases,
É seu o rei de naipe que pulsa,
Espadas e paus e ouros fugazes,
A fartura de escolha o senso aguça.

E há tantos reis e valetes no jogo...
E sou rei que detesta a espada embainhada,
É normal o meu amor de tanto pegar fogo,
E surgir nesse jogo cabeças cortadas.

Se cartas marcadas se espalham na mesa,
É hora de outro baralho cortar,
O baralho novo, além da beleza,
Motiva a nossa estratégia mudar,
Mas seus olhos de águia são pura esperteza,
Em que vale a pena a vida apostar.
É um jogo em que a dama veste realeza,
E obriga o seu rei lhe reverenciar.

E a dama é pedra, é carta e é mulher...
Nos jogos da vida a se revelar,
Às vezes é jogada de modo qualquer,
Nos braços de quem sequer sabe jogar.





 
(RAS)
Enviado por (RAS) em 10/06/2013
Alterado em 19/03/2019


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