Voos noturnos.Aves noturnas a traquinarem desejos, Sobrevoam o negrume da noite que diz, Nos solfejos do vento, dos velhos realejos, Que com cumplicidade o voo é feliz.
A paixão é o breu que turva o olhar Dessas aves traquinas e inseparáveis, Que não perdem o afago do plácido voar Pois já padeceram de ventos instáveis.
Aves boêmias nos galhos a estacionar A procura do ninho que lhes seja aconchego. Dribla-se os orbes no céu a vagar, A causar-lhes a fúria e o desassossego.
Sufocados os gorjeios por ora proibidos, Apenas voos felizes em ventos confusos, Marcantes deleites por amor permitidos, Pois são breves voos de cunho escusos.
No entanto o que esses voos embala E faz correr riscos para se entenercer, É a felicidade tamanha que cala Os ais que resultam de imenso sofrer.
São as aves noturnas cegas de dia, De rotas negadas aos sãos corações, E o voo, no entanto, instintivamente desvia Mas nem sempre evita os ardis das paixões.
(RAS)
Enviado por (RAS) em 01/04/2013
Alterado em 27/10/2021 |