(RAS)

Nem tudo que reluz é ouro. (Mas reluz!)

Textos

Voos noturnos.

Aves noturnas a traquinarem desejos,

Sobrevoam o negrume da noite que diz,

Nos solfejos do vento, dos velhos realejos,

Que com cumplicidade o voo é feliz.

 

A paixão é o breu que turva o olhar

Dessas aves traquinas e inseparáveis,

Que não perdem o afago do plácido voar

Pois já padeceram de ventos instáveis.

 

Aves boêmias nos galhos a estacionar

A procura do ninho que lhes seja aconchego.

Dribla-se os orbes no céu a vagar,

A causar-lhes a fúria e o desassossego.

 

Sufocados os gorjeios por ora proibidos,

Apenas voos felizes em ventos confusos,

Marcantes deleites por amor permitidos,

Pois são breves voos de cunho escusos.

 

No entanto o que esses voos embala

E faz correr riscos para se entenercer,

É a felicidade tamanha que cala

Os ais que resultam de imenso sofrer.

 

São as aves noturnas cegas de dia,

De rotas negadas aos sãos corações,

E o voo, no entanto, instintivamente desvia

Mas nem sempre evita os ardis das paixões.

 

 

 

 

 

(RAS)
Enviado por (RAS) em 01/04/2013
Alterado em 27/10/2021


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