(RAS)

Nem tudo que reluz é ouro. (Mas reluz!)

Textos

O Jardim dos sete perfumes.

As flores aturam as mudanças de estações, sobrevivem à intempéries, recebem afagos do zéfiro e, de repente, são assoladas pela brutalidade indômita de uma tempestade, quando são abrupta e precocemente arrancadas.
Cada qual floresce em suas escolhas nos átrios da vida: Vasos, jardins, praças públicas, desertos... Só não florescem no Éden, por ser lá seara e estágio de essências perfeitas e dignas da eterna consistência.
Vê-se flores desabrocharem entre cuidados e outras abandonadas aos ensejos e à simplicidade de suas existências.
Flores e flores... Umas serão colhidas pela beleza e pureza e formarão buquês e convocadas para arranjos... De outras o outono se encarregará. Mas eis que todas são ainda flores de um perfume só, ainda exibem a imaturidade em suas cores e tez. Ainda terão muitas primaveras para adornarem e provações para se aperfeiçoarem.
Eis que umas tem jardineiro e outras não o possui, porquê? Umas afloram com pétalas feridas, outras de pétalas desprovidas, umas viçosas, outras murchas, feiosas, outras encantam, enfeitam e há as que indagam: - É justo? Essas buscam respostas e as terão até onde lhe são permitido .
No outono cumprem-se as sinas: Caem... Para os simplistas um retorno ao pó, para os elevados, na incessante busca da evolução pelo conhecimento, será toda a matéria da flor, em contato com o solo fecundo ou não, adubo natural a fertilizar renasceres.
Há que se crer e buscar esse momento: O retorno ao pó. Processo lento de preparação, de escolha. É um lugar, alhures, onde impera o socorro, por momentos e tempos incontáveis, mas suficientes, para que as flores recebam os sete perfumes: O Acolher, o Consolo, a Cura, o Conselho, a Paz, a Orientação e, por derradeiro, a Liberdade, para ser nova flor em busca do arranjo perfeito e eterno.
Nos lapsos entre outonos e primaveras há esse ínterim, um descontinuamento, um jardim: O jardim das virtudes, da caridade, dos auxílios, do preparo, do arrependimento ou da convicção, a fonte dos perfumes. Lá zelosos jardineiros se incumbem de cuidar da essência e não das matizes e formas, dotarão as pobres flores de mais perfumes e de energias benéficas, de luz, para uma nova existência. De lá, as flores ressurgirão ou rosa ou jasmim, em jardins ou vasos, montanhas ou desertos, e terão seus beija-flores preferidos a colher-lhes o pólen, a sombra e a luz do sol necessários, olhos para as admirarem, ou sofrerão na pertinácia, na involução.
Lá é o Jardim das Intervenções e das Oportunidades. Lá não é o fim e sim o meio, a passagem, o plantio para o novo desabrochar e o eterno permanecer ao lado direito, nas incessantes benesses do Mestre Jesus.


(RAS)
Enviado por (RAS) em 24/08/2012
Alterado em 02/05/2013


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras