(RAS)

Nem tudo que reluz é ouro. (Mas reluz!)

Textos




Eterno é o perdão.


Há situações avessas à sensatez, que as enumere os mediadores e harmonizadores librianos...
Uma delas é o amor. É inevitável a entrega cega, com nuances de irracionalidade.
Perspicácia e audácia revezam-se na busca natural e incessante da felicidade. Somos joguetes manipulados por sentimentos e, afinal, de onde eles vêm mesmo?
São superiores e raramente oportunos, quais feras, sorrateiramente atacam! Precisas esganam até as prudentes traqueias e sufocam letalmente tudo que as precederam, frias como a Esfinge, evitando qualquer reação de suas já abatidas presas. Nada as prevê, visto que o vento muda constantemente de direção!
É uma reação em cadeia de energias extasiantes. Algozes das juras e predadoras das promessas.
Sentimentos sucumbem ante outros sentimentos mais intensos, mas não serão erradicados ou mantidos por normas, valores irreais e tecnicismos. São situações exclusivas do coração, justamente o órgão mais ingênuo e sujeito às venéreas entregas e, portanto, vulnerabilíssimo.
Não se exponha avançando o coração como sentinela, pois será ele silenciado pelo ardil do romantismo e pelas baionetas caladas das ilusões, ou convencido a trair-lhe apenas por identificação à causa.
Há situações que descartam a razão, são repentinas e avassaladoras, arrasam valores e amores menores. Há situações loucas, inconsequentes como a água que transborda e rompe suas comportas e vaza de forma incontida e assoladora, para um mar de destruição.
Incontrolável!
Quem ou o que culpar? O livre arbítrio? Mas o amor não é programado, escolhido, como foi dito, é matreiro.
Creio que quanto mais terrível a tempestade, mais desejada e bela será a bonança. Para tanto, traz consigo atrativos irresistíveis, brilhos nos olhares, ineditismo, proezas mil, rejuvenescedora felicidade... Tudo capaz de superar até a pesada consciência.
O melhor que se faz é deixar ser levado pela enxurrada e aproveitar, aos trancos e barrancos, o que há de bom no trajeto e desfrutar do reinício, da nova oportunidade...
Então, arreie o puro sangue do tempo, prepare o arado, tome as melhores sementes, espalhe-as em solo fértil e curta o sulcar da terra e o aroma que dela exala.
Definitivamente, não se culpe! Entenda que semeaduras e colheitas são cíclicas, jamais definitivas, no entanto, há que se aperfeiçoá-las sempre. Muda-se de vagões a cada estação, mas a viagem continua nos trilhos da evolução e aprendizagem que certamente nos conduzirá à autossuficiência, à perfeição, quando só colheremos e semearemos por eterno auxílio e caridade aos ainda viajores.

(RAS)
Enviado por (RAS) em 10/07/2012
Alterado em 16/07/2012


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