Eterno é o perdão. Há situações avessas à sensatez, que as enumere os mediadores e harmonizadores librianos... Uma delas é o amor. É inevitável a entrega cega, com nuances de irracionalidade. Perspicácia e audácia revezam-se na busca natural e incessante da felicidade. Somos joguetes manipulados por sentimentos e, afinal, de onde eles vêm mesmo? São superiores e raramente oportunos, quais feras, sorrateiramente atacam! Precisas esganam até as prudentes traqueias e sufocam letalmente tudo que as precederam, frias como a Esfinge, evitando qualquer reação de suas já abatidas presas. Nada as prevê, visto que o vento muda constantemente de direção! É uma reação em cadeia de energias extasiantes. Algozes das juras e predadoras das promessas. Sentimentos sucumbem ante outros sentimentos mais intensos, mas não serão erradicados ou mantidos por normas, valores irreais e tecnicismos. São situações exclusivas do coração, justamente o órgão mais ingênuo e sujeito às venéreas entregas e, portanto, vulnerabilíssimo. Não se exponha avançando o coração como sentinela, pois será ele silenciado pelo ardil do romantismo e pelas baionetas caladas das ilusões, ou convencido a trair-lhe apenas por identificação à causa. Há situações que descartam a razão, são repentinas e avassaladoras, arrasam valores e amores menores. Há situações loucas, inconsequentes como a água que transborda e rompe suas comportas e vaza de forma incontida e assoladora, para um mar de destruição. Incontrolável! Quem ou o que culpar? O livre arbítrio? Mas o amor não é programado, escolhido, como foi dito, é matreiro. Creio que quanto mais terrível a tempestade, mais desejada e bela será a bonança. Para tanto, traz consigo atrativos irresistíveis, brilhos nos olhares, ineditismo, proezas mil, rejuvenescedora felicidade... Tudo capaz de superar até a pesada consciência. O melhor que se faz é deixar ser levado pela enxurrada e aproveitar, aos trancos e barrancos, o que há de bom no trajeto e desfrutar do reinício, da nova oportunidade... Então, arreie o puro sangue do tempo, prepare o arado, tome as melhores sementes, espalhe-as em solo fértil e curta o sulcar da terra e o aroma que dela exala. Definitivamente, não se culpe! Entenda que semeaduras e colheitas são cíclicas, jamais definitivas, no entanto, há que se aperfeiçoá-las sempre. Muda-se de vagões a cada estação, mas a viagem continua nos trilhos da evolução e aprendizagem que certamente nos conduzirá à autossuficiência, à perfeição, quando só colheremos e semearemos por eterno auxílio e caridade aos ainda viajores. (RAS)
Enviado por (RAS) em 10/07/2012
Alterado em 16/07/2012 |