As ilusões.
Não fossem as ilusões os homens morreriam de tanta realidade.
As ilusões suavizam a loucura, são mães dos sonhos e algozes do tédio, patronas das artes, adorno dos cenários.
As ilusões são buscas incessantes do belo e do bom. Alienam profilaticamente. Imunizam o homem das seriedades, dos ritos, das obrigações, da rigidez dos valores impostos, da frigidez dos julgamentos terrenos, da mesquinhez humana.
Não fossem as ilusões inexistiriam os palhaços, as mágicas, os mitos. O que seria da infância sem Papai Noel e o coelhinho da Páscoa e dos adultos não fossem Dom Quixote, Tarzan, Super Homem e Carlitos?
As ilusões são campânulas a protegerem os homens das verdades verdadeiras demais, inalcançáveis, pelo menos aqui nesse estágio.
As ilusões são oportunas maquiagens a forjarem personas dando-lhes alternativa e arbítrios.
As ilusões nos livram do profundo remorso e minimizam os erros, para que sejam pelos homens superados e não seu calvário.
As ilusões são provas cabais de que as mentiras ajudam a viver, que se aprende com o negativo e que tudo é relativo.
No trâmite das ilusões em transe você se perdoa e você só se perdoa se Deus já lhe perdoou.
Viver de ilusões é inerente ao ser humano, há apenas que se vigiarem os excessos, há que se desfrutar e contentar com seus lampejos.