(RAS)

Nem tudo que reluz é ouro. (Mas reluz!)

Textos





O destino de Cronos.

 
O tempo se expõe como um tatuador impiedoso e insensato. Esse tempo maluco que sem rédeas cavalga num galope assustador e surpreendente, como se alado fosse e a calcar cruelmente as suas castigadas estrias, com patas possantes de um corpo colossal.
Tempo... Esse hipomóvel desvairado e incontrolável puro sangue... Corcel indomável, senhor dos turnos e das horas. Abreviador dos instantes felizes e retardador dos de solidão e melancolia.
Não há como desviar de suas pisadas enquanto se é seu norte e paragem...
Por outro lado, também não há como negar a beleza de sua selvageria e ver sua crina penteada pelo vento de sua velocidade.
Nessa paragem, só há como montá-lo, em pelo, nos sonhos e desejos, porém sem jamais selá-lo, aí somente os poetas peões o fazem e que também sem rédeas, malucos e com estranhas crinas retardam finais, pois não sabem o que fazer com eles, além de possuírem o dom de viverem várias vidas em vários momentos, a confundir, só por instantes, o dono dos instantes, mas por fim também são brutalmente atropelados pelas próprias ilusões.
"O tempo de semear é tão longo e tão breve o de colher! Vá lamuriar isto com Cronos...
Por isso não há dúvida de que esse corcel ainda assumirá uma velocidade tal, que desintegre a si e o teu persistente cowboy, tornando o conjunto num zéfiro a continuar a cavalgada, a pentear outras crinas, de lá das pastagens perfeitas, onde uma Luz Verdadeira eterniza o bafejo das almas e sucumbe com o daninho fado de Cronos, justificando, do lado de cá, todo esse desvaire.

 
(RAS)
Enviado por (RAS) em 10/06/2012
Alterado em 28/08/2021


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras