(RAS)

Nem tudo que reluz é ouro. (Mas reluz!)

Textos

ETERNAMENTE MÃE.

O tempo passa e deixa grisalhos os teus cabelos,
O teu andar mais lento e maior teu coração.
E nele cabem os filhos, os netos e bisnetos...
E nele sucumbem todas as dores do mundo,
No aconchego e no sussurro da velha canção.

Tua figura tão ímpar ainda desfila naquela casa,
Onde quando criança, chorei pelos cantos:
Chorei o corpo febril, as dores de dente...
E clamei na madrugada pelo teu afago!

Meus difíceis deveres de casa que te tiravam do fogão,
As brincadeiras, meus sumiços traduziam preocupação.

O tempo passa e deixa grisalhos os teus cabelos.
_ Foi o tempo ou fui eu?

Mas é o mesmo o teu semblante: sereno...
Como que tudo valeu a pena...
Nessa divina missão: concepção e criação.

Hoje são outras as minhas dores, são outros os meus deveres
E meus cabelos branqueiam também,
Mas a vontade é a mesma de antigamente:
De estar ao teu lado, sentir teu afago,
Nas noites serenas e barulhos de trem.

Não, mãe,
Uma flor murcharia, um beijo secaria,
As palavras se perderiam...
E eu desejo o inverso:
Que meu amor, nesse momento,
Acaricia-te como o vento
E se eternize nesses versos.
(RAS)
Enviado por (RAS) em 07/04/2012
Alterado em 29/03/2023


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