APOCALÍTICO ÊXODO NO SERTÃO.
Onde irão dar esses trilhos que tiram da terra os filhos,
Numa figura apocalíptica?
Que num apito fabrica
A negra fumaça que embaça, a negra Maria Fumaça
E o olhar de quem fica?
Seu apito é esperança de que um filho vai chegar,
Mas o seu ébano semblante, lá de longe já garante
Que não é uma gestante
E não há nada a esperar.
De novo choram as mulheres: - Já não bastam as intempéries?
E o sertanejo engole seco...
Onde irão dar esses trilhos, azimute de andarilhos,
Numa ribalta ou num beco?
Lá vem a Maria Fumaça fazendo arruaça,
Mas não traz a alegria,
Levando os filhos da terra, sumindo no meio da serra,
Avisando, no berro do apito,
Que voltará noutro dia.
Lá vai a Maria Fumaça levando no peito e na raça
Mais um jovem aventureiro,
Deixando em seu rastro, saudade, no povo da localidade
Que já foi o mundo inteiro.
E os trilhos cortam serras e a mesmice do sertão,
O sorriso do “matuta” e também seu coração.
Lá vem a Maria Fumaça pegar mais um na estação
E os trilhos que paralelos seguem juntos,
Ironicamente, conduzem à separação.