Sem você... (Uma revolução sideral).
Sinto-me tal qual um deus helênico, eternamente castigado pelo Olimpo, a buscar uma luz que não é minha, assim como os tubarões condenados a não dormirem e os equídeos a não deitarem.
Sinto que sou um astro errante, sem luz própria, vagando em noite etérea. Sinto-me desgastado pelo soberano tempo, pelos atritos e intempéries cósmicas. Sou orbe oriundo do Caos, sem leis a regerem minhas órbitas. Sinto-me à deriva, à mercê de minha sina que me desvia dos outros astros mais felizes. A felicidade é-me uma força gravitacional inversa, uma referência para que eu navegue dela anos luz. A tristeza é a força motriz que me remete a esse buraco negro imensurável. Sinto-me um astro errante, indesejável... Sigo meus infelizes impulsos a deslizar-me num breu infindo. Há, como sempre, uma luz no final da noite sem fim. É luz que posso ver, mas sou condenado a não desfrutar do seu fulgor e da inerente quentura. Sinto-me só, o que me destitui o brilho. Sou um astro de quinta pequenez a clamar misericórdia, pelos desacertos e equivocados rumos, sempre em busca de luz alheia. Sinto-me assim, uma verdadeira revolução sideral, quando você se afasta e me deixa nesse vazio absurdo de sinais e possibilidades.
(RAS)
Enviado por (RAS) em 11/01/2012
Alterado em 23/02/2017 |