Coisas do coração.
Ah, coração bobo, não aprende!
Se bater na porta atende,
Até aos que batem na gente.
Ah, coração mole, aventureiro,
Que adora assanhar o vespeiro
E sair ferroado, ferido.
Ah, coração inconsequente,
Que se entrega facilmente,
Que se torna comumente ignorado, sofrido.
Ah, coração enorme,
Às vezes não come, não dorme,
De tão entristecido!
Ah, coração errante,
Da razão sempre distante
E dos sonhos companheiro.
Ah, coração de poeta,
Vulnerável, não se aquieta,
Tão exposto a qualquer seta,
Do Cupido traiçoeiro!
Ah, coração amigo,
No fundo, no fundo te sigo,
E só por isso mesmo sou feliz.
Só a você eu consigo
Dizer quem curto, quem sigo,
E a linda escolha que fiz.
Ah, coração tão partido,
Em zil dilemas enfim,
Não sabe quem mais vai ferir,
Nem sabe de quem mais gostar
Se da sua escolha ou de mim.