O Sacrossanto Barroco Mineiro. Vistas de fora são Igrejas comedidas na majestade, Em seus campanários repousam os pássaros Que se assanham em revoadas ao badalar dos sinos, Como a ajudarem a anunciar o início das missas matinais Ou a “Hora do Angelus”. Suas fachadas externas de traços sem segredos Agregam obras que lhes imprimem fidalguia, Figuras de naturezas místicas e raras belezas Em pares, como a perpassarem as paredes, Separados por batentes de portas e janelas Revelam similidades irretocáveis. Legiões de Anjos de rostos cheios e pueris Que nitidamente traduzem pureza e perfeição Parecem uníssonos a entoar: - Entrem! Entrem! E sejam bem vindos à casa do Senhor Deus! Assim, fiéis e turistas, diante de tão empolgante convite adentram Solenemente às imponentes catedrais. Respiram, então, uma fragrância de senilidade inebriante Produzido pela ação do tempo nas alvenarias e madeiras, Parte da magia que os remete, extasiados, À tempos idos de preponderância católica, Aos tempos da saga de um povo Em busca de santidade, liberdade ou perdão O que faz fulgir arrepios e emoções inexplicáveis. No interior das naves, os bancos de madeiras maciças e nobres Desafiam os séculos e insinuam perenidade, Nas laterais, sucessivos oratórios exibem suntuosidade, Nos tetos, leais e destemidos Arcanjos, com seus aguçados floretes Assumem posturas de guardiões dos Altares E, diferentemente dos Anjos anfitriões Parecem, serissimamente, bradarem: - Respeito! Respeito! Eis que acabas de adentrar à casa do Altíssimo Senhor Deus! Ah! Os Altares... Chegam a ser alucinantes! Um espetáculo de obras em desvarios Rococós entalhados sistematicamente, Turbilhões de formas, cores e contrastes, Uma manifestação de fé em delírios. A grandeza, a realeza e o poder ali ressaltados e revestidos de ouro em pó São autênticos e fidedignos cultos ao Divino Ideados por artífices, artistas e escravos Dignos de efusivos aplausos humanos e celestiais. O primeiro contato com o místico barroco mineiro é surpreendente, Os próximos... Inevitáveis! (RAS)
Enviado por (RAS) em 09/12/2011
Alterado em 14/07/2012 |