APOLOGIA AOS DEUSES. ( ÚLTIMO ATO).
Então surge você, exibindo a beleza de uma musa,
A divindade de Hera e os trejeitos de ninfa.
Autêntica revelação angelical,
Excitando uma platéia de efervescentes sentidos.
Pasmo, nesse palco de mortais, sinto-me genuflexo
Diante de tanta perfeição..!
“Baco se embriagava por tão pouco..!”
E vem à tona a sensatez de Sansão,
De Davi, de Marco Antônio, do Super Homem
E baila de forma graciosa à minha frente,
A provocante razão da loucura.
Seus lábios, como um relâmpago, se abrem num sorriso
E desarmam-me novamente e se aproximam... E se retraem...
O que eu não faria por um cálice de vinho?
Ou por uma rosa que lhe tirasse a lucidez?
E eu não tenho nem um brilhante...
Então, aquela beldade incitante a flutuar,
Suspensa pelo andor de meus anseios,
Move-se em minha direção.
Vejo nos seus olhos um despertar de desejos
E, de repente, sinto que sou tudo,
Que tenho o brilhante, o vinho e a rosa
E uma emoção imensa lança-me ao seu encontro.
Então, a tomo como minha própria vida,
Transformando-me num desses semideuses.
E no último ato - que pena...
Descobrimo-nos e nos amamos.
Nos primeiros fui tolo: Homem, reles mortal...
E dando seqüência à história
Mergulho na doce tolice, na sensatez:
Duvidando que fosse o tendão
O ponto vulnerável de Aquiles
Feliz entrego-me aos domínios
De uma divina mulher!