Fadário.
Minhas madrugadas assemelham-se aos castelos medievais... Enormes! Empolgantes!
Isolados e imersos em mistérios e encantamentos erguem-se rodeados de pântanos intransponíveis.
Vida? Somente a minha é forçada a habitá-los.
Folhagens secas cobrem os jardins denunciando aproximações.
Somente eu não ouço os passos do sorrateiro tempo que com lodos e mofos corrói minhas estruturas.
Assim têm vazão os fantasmas e demônios que flutuam pelos cantos dos meus pensamentos, num bailado incessante de risos e uivos sombrios.
Canções de ninar a insônia... Silêncio estrídulo...
A televisão não funciona e a tentativa de fuga é inútil como a lareira.
Resta-me o apego aos cafés, cigarros, anjos e versos,
Ante a ausência da criadagem que dorme.
Passo a escrever lucubrações que buscam a eficiente armadilha para o tempo algoz,
Sem perceber seus blefes e engodo:
Os velhos fantasmas e demônios que me acusam,
Sublimam meus fracassos, perdas e desacertos.
Altas horas de sucessivas e interminantes caças e exorcismos levam-me a crer que consigo superar o tempo.
Ledos enganos que aos poucos me definham e despendem minhas energias,
Enquanto o soberano Cronos cumpre sua irredutível e emblemática sina...