(RAS)

Nem tudo que reluz é ouro. (Mas reluz!)

Textos

                          Volatilidade.

Eu só quis sentir, por vez derradeira, ser tomado, mais uma vez,  pela brevidade da juventude.
Eu só quis viver, novamente, a selvageria daquela irresponsabilidade envolta de leveza...
Eu só quis gargalhar, descontroladamente, e sem motivos, como dantes...
 
Eu só quis reviver o "desligado", a atravessar o mundo no descuido, com as mãos no bolso da surrada calça, a imitar o jeans, e chutando latas, absorto, como que encantado...
E ser atropelado por carroças e bicicletas, qual pardal abestalhado a ignorar alçapões e visgos...
Mas já com os dentes do juízo a serem arrancados.
- Relevem o trocadilho!

Eu só quis tecer no meu tempo presente, a intensidade daquela lúdica idade, mesmo consciente dessa desnatureza...
Mas, eu quis sentir…
Atinei-me de que revezei o constante ir e vir, aquém e além de mim...
Estranho foi perceber que o fiz timidamente, quando o destino era as profundas entranhas de minha alma...
E que, para tanto, não será suficiente o meu tempo.

Em frenéticas resiliências, às vezes padeci, na míope busca da sobrevivência...por vezes tropecei.
Ao  conhecer os meus anjos, a tudo resisti:
Se era para amar, profundamente amei, dopei-me em overdoses de sonhos loucos, e neles, qual menino viajei...
Vi,pelo caminho, sonhos mortos pelo medo, estirados, lívidos... semblantes de arrependidos, a expressarem o nada... tão somente o nada!
Então, foi aí que me dei conta de que, até aqui, verdadeira e intensamente eu vivi, boa parte do tudo...

(RAS)
Enviado por (RAS) em 17/07/2017
Alterado em 06/12/2023


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