(RAS)

Nem tudo que reluz é ouro. (Mas reluz!)

Textos


 As estações do homem.

A natureza se desfaz e se refaz. 
A existência se eterniza em ciclos e intervalos.
O homem flutua no lógico, num raciocínio estritamente material, portanto, limitado, mas que o apraz e o determina.
E assim, tudo é mistério e a humanidade se contenta com as alienantes respostas que não se situam além dos narizes.
Tudo é cíclico, cenários e atores, exceto o Idealizador.
Peças, atos, bastidores e enredos fracionam a essência humana em artes, sem no entanto desvendá-la.
Dos ensaios raríssimas lembranças, um falso ineditismo que motiva o avanço.
Toda matéria se esvai, apenas a matéria.
Na verdade,o Espírito e natureza fundem-se e nos confundem em complexos sistemas e padrões, a limitar o ilimitável.
Até os trinta anos o homem vive a sua primavera,
Renasce no hausto divino, anunciado em choros e flores
E aos poucos amadurece.
Estação dos aromas, da beleza, da juventude,
Quando é tanta energia, que dias e noites se igualam em duração e haja desperdícios...
Quando a temperatura e a paisagem exalam odores de cio, arrebatam cópulas, germinação, risos e assanhos…
E, nem por término, sabe-se se noites vividas foram ganhos ou perdas.

Dos trinta aos sessenta, a paixão aumenta,
O homem vive o seu verão, o sol mais próximo a fritar cérebros e despir corpos,
Os dias são maiores e, às vezes, faz-se necessário a chuva,  para refrescar o homem e umedecer o solo,
É o auge do homem…
A proporção entre dia e noite resulta em muito mais atividades e menos descanso, os dias são bem maiores, 
Contudo, significa também, o despontar do crepúsculo.
Além dos narizes, o homem é a sua fé.

Primavera e verão, intensa reprodução, quando o sol protagoniza o aquecer e iluminar tudo, como que num larguíssimo sorriso, tornasse o mundo mais insinuante e envolvente.

Dos sessenta anos ao término do ciclo, o homem vive as duas restantes estações.

No outono, menos chuva, as folhas caem, grisam-se os pelos, colhem-se os frutos, começa-se a predominância da noite, do frio,.. 
É o tempo da reflexão, de buscar lembranças, de rir das lambanças, voltar ser criança, de dosar a tensão. 
Até que chega o inverno.
Hibernação, migração, congelamentos, descansos, tudo em tons de fim. 
Noites enormes e frios paralisantes. 
Estação da razão, da preparação para o novo ciclo. Repõe-se as energias, as folhas que lá no outono caíram, fertilizam, viabilizam o solo, para o reflorescer.
O inverno recolhe o espírito para o necessário e natural refazimento, para a reprogramação, quando o homem tem capacidade de escolher como e quando renascer e de agradecer ao Criador pela empolgante aventura.

Ah, como tudo é tão didaticamente inexplicável e tão saborosa e misteriosamente digerível!
É tudo muito mais que fantástico! 
É,por enquanto, inefável.

 
(RAS)
Enviado por (RAS) em 21/07/2017


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