(RAS)

Nem tudo que reluz é ouro. (Mas reluz!)

Textos



Quanto tempo, mãe!!

Mãe,
Onde estiveres receba meu abraço e todos os meus bons sentimentos represados há tanto tempo no meu coração, e que agora, inevitavelmente, escapam pelos meus olhos. Eis minha alma saudosa e inconformada a manifestar.

Mãe,
Aquela criança cresceu nada! Hoje te preciso mais que antes!
Quantas vezes eu simulei dores, fingi medo, para ter tua atenção. Hoje, mãe, é tudo verdade e onde estás?
Cortar o cordão umbilical, mãe, tudo bem...
Desmamar-me, tudo bem...
Mandar-me para escola, tudo bem...
Mas me deixar, mãe...!

Às vezes tenho que esquecer, pois a vida tem que continuar. Já conformar, só mesmo com uma intervenção de Luz, pois é negro e amargo o vazio que deixaste.
O teu olhar, o toque da tua mão, o sussurrar das canções antigas, as brincadeiras, o teu sorriso, os teus cuidados... Tuas simples soluções para tudo, que às vezes beiravam à irresponsabilidade, mas que tanto se identificavam comigo e eram queridas por todas as crianças que te rodeavam e, principalmente, pelo excesso de ludismo e puerilidade nas suas brejeiras intervenções.

Ah, minha mãe! Como ainda necessito do teu colo, como ainda inconsolado, clamo por ti!

Ensinaste-me tudo, menos como independer-me de ti...

O medo que eu tinha da chuva, mãe, hoje é “balela”, ante os medos do meu coração envelhecido e vulnerável às ocasiões. Nem sei se tuas brincadeiras e canções de ninar as resolveriam, mas, com certeza, não me faltariam o colo, o afago e a palavra mais amiga.
Mãe eu aprendi que o tempo tudo cura, tudo sara, mas essa saudade...

Agradeço a Deus, minha mãe, por todos os momentos que contigo convivi e acredito ainda, em algum lugar de puro alento, poder com afã tudo retribuir-te, ou então esperar que voltes e me envolva com toda a doçura daqueles abraços de outrora.



 
(RAS)
Enviado por (RAS) em 12/05/2012
Alterado em 03/05/2019


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